sexta-feira, 29 de maio de 2009

Sardinade

Enquanto fiz o doutoramento, mantive sempre em mente a possibilidade de voltar às minhas origens. Talvez por isso não procurava grande contacto com as comunidades portuguesas no estrangeiro. Reuniões de portugueses e brasileiros, fado e samba, bacalhau e caipirinhas, cristianos e kakas, enfadavam-me. A saudade, que não é brasileira, levada ao extremo, quando eu queria era conhecer o que era novo, pesava. Por estes motivos surpreendi-me ao aceitar o convite para uma sardinhada em honra dos Santos. A sardinade como se entitulava o evento teve lugar numa sala de festas num condomínio (de luxo) perto do MIT. Foi...especial. Mal cheguei, senti logo que não pertencia ali. Ninguém falava comigo nem com o R. e pusemo-nos ali num cantinho...Passados uma meia horita lá apareceu uma cara conhecida. Um tipo que faz investigação em Harvard e que tem cerca de trinta e cinco anos, acompanhado por uma brasileira de expressão inteligente. Ele olha para mim e faz um gesto de extrema simpatia de nos apresentar à sua companheira, que com um ar ainda mais inteligente exclama: " Gente! São seus pais???". Sem comentários. A sardinha ficou-me entalada no gorgomilho...e jurei que forrós e arraiais no estrangeiro, nunca mais!

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Geekdom


A Universidade de Harvard é um local mágico. O conhecimento transpira pelas paredes dos edifícios e eu transito entre um estado de iluminação e uma sensação de ignorância e humildade. Esta sensação é ainda maior dentro das várias bibliotecas espalhadas pelo campus. Mas as bibliotecas merecem um post à parte, e este serve para vos falar de um local mágico que é a livraria da Coop. Tal como o próprio nome indica, a livraria foi fundada por uma cooperativa de alunos no final do século XIX, e hoje é a catedral do livro em Cambridge. Quatros pisos de livros, uma sala dedicada a viagens, um café o estilo Starbucks, uma secção de revistas (com especialidades que o comum dos mortais nem sonha existir), e melhor do que tudo isto, mesinhas espalhadas por toda a livaria, para que as pessoas possam estudar e ler. Um sonho. Sim, sou geek e adoro!

terça-feira, 26 de maio de 2009

The one where she didn't sleep

Esta noite não dormi. Estou rabugenta como uma velha. Às quatro e meia acordei, ainda mais acordada do que estou agora. Duas reviravoltas na cama e percebi que a insónia se estava a instalar. Levantei-me para comer duas OREO e beber um leitinho, que toda a gente sabe que é remédio santo para os males de sono. Ou foram poucas as OREO ou o leitinho não tem as qualidades do nosso, às seis ainda estava acordada... Li, revirei-me e lá adormeci. Quarenta e cinco minutos...passados e ligam-me do ISEG. Pois é, aquelas almas não se lembram que aqui são menos cinco horas. E pior, nem sei quem me ligou, só que o número era do ISEG. Mas foi melhor assim...a pessoa poderia ter tido uma má recepção. Mais duas reviravoltas e voltei a adormecer. Um recorde de outros quarenta e cinco minutos... às sete e quarenta e cinco um martelo pneumático volta a despertar-me dos braços de morfeu. A praguejar, enfio uns tampões, mas nem isso...o barulho é tanto que até a cama abana. Com olheiras até aos pés, agitei a bandeira branca...Esperamos por noites melhores!

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Brown University

Este fim de semana eu e o R. fomos a Providence visitar um meu caro amigo belga. Providence é mesmo aquela cidade da série de TV. Aquela com a médica que volta a casa e fazamigos...a mesma que entra no CSI. Estão a ver? Gostei. A cidade é pequena como convém. Com jardins que nos fazem corar de inveja. A universidade, uma das da Ivy League, é antiga e o campus uma sonho de recantos floridos. Chegámos no dia da Graduação e uma profusão de capas negras deu-nos as boas vindas. O meu amigo G. vive ali há alguns anos. É uma pessoa deliciosa, que toca piano e tem uma gata espertíssima. A sua casa respira conforto e por momentos, só me apetecia aninhar-me nos cobertores que tinha no sofá e ficar assim. Porque essa é a minha ideia de felicidade: uma terra pequena e um cobertor farfalhudo, será assim tão difícil?

Harvard Business School

Desde que voltei de Portugal que se abriu um novo mundo aqui em Cambridge. A J. mostrou-me o caminho do bem, que é como quem diz o caminho da Harvard Business School. A Business School é uma das mais prestigiadas escolas de Harvard, considerada a melhor escola do mundo para gestão. Isto implica ou é equivalente a ter montes de dinheiro, pilim, massa, cacao, papel. Sim, são ricos: a sala de estudo tem sofás de pele e várias lareiras, a sala de convívio tem oito...sim! oito televisões plasma, e a cantina tem, contemporâneamente, um chefe italiano, um chinês e um grego, um gourmet de saladas e sandwiches e um mestre de sushi...Ah, e a zona das sobremesas parece saída das melhores pastelarias parisiences. Tudo isto se completa com uma esplanada ao estilo Palácio de Buckingham. É de ficar sem palavras. Além de tudo isso, as pessoas são simpáticas, convidam-nos para tomar café e lanche e há sempre um termo de café à disposição na sala dos professores...sim, porque toda a gente sabe que um matemático é uma máquina que transforma café em teoremas...!
O único senão da HBS é ficar a dois quilometros e meio de casa...mas serve de exercício!

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Gaspacho

Não vale a pena desafiar o destino. Aqui não se come sopa. Mesmo depois de me terem oferecido as colheres. Mesmo depois de ter comprado uma varinha mágica. O destino não quer que eu coma sopa. Passo a explicar. O começo do calor fez com que me viesse a ideia brilhante de fazer gaspacho. Compra tomate, pepino, pimento, corta tudo aos bocadinhos. E tritura...O barulho da varinha é infernal. Mas o que se passa com esta fantástica varinha mágica, uma autêntica pechincha, comprada na farmácia (sim sim...na farmácia) - pensei eu. Mais dez minutos de barulho infernal, até que percebi que apesar do barulho, a lâmina da varinha não rodava. E porquê? Porque se tinha queimado por dentro. Estava derretida. Do gaspacho ficou uma espécie de picadinho de tomate. Da varinha...uma espécie de papa de plástico. O barato sai caro e de agora em diante só se come minestrone...

segunda-feira, 18 de maio de 2009

NY CITY II



No outro dia perguntaram-me qual a minha cidade preferida (isto foi na sequência de ter revelado que não conhecia Paris). Hesitei. Londres está-me no coração, mas Nova Iorque...Nova Iorque fica no sangue!

E por esta razão é fácil encontrar bons motivos para revisita-la. Nova Iorque na Primavera parece-me uma óptima razão. E bem acompanhada lá fui! E mais uma vez, a cidade rendeu os seus encantos.

De salientar:
- o restaurante Spring Natural (com um bolo de cenoura de lamber os dedinhos...sim sim...mesmo no Soho há coisas que justificam lamber os dedinhos.
- o restaurante The Place, em Greenwich Village, um cantinho próprio para encontrar o príncipe encantado (ou para ver o próprio príncipe com um novo olhar).
- o concerto de jazz no Village Vanguard (não fica bem dizer que passei pelas brasas ao som do saxofone...)
- Times Square by night
- O almoço no Museum of Modern Art
- O brunch em East Village
- Central Park todo florido.
- My "fabulous little black dress"
- A "Public Library" linda linda linda.
- O meu primeiro espectaculo da Broadway (ver posts seguintes)
- Os cannoli em Little Italy.

Fico com vontade de gritar:

Start spreading the news, Im leaving today
I want to be a part of it - new york, new york!

XOXO

terça-feira, 12 de maio de 2009

A Bicicleta Gina

Quando cheguei a Somerville deparei-me com uma cidade onde todos andam de bicicleta e as há de todas as cores e feitios. Grandes pequenas, velhas novas, ferrugentas e reluzentes. A compra da minha bicicleta (uma pasteleira antiga) foi, tal como tudo o resto uma aventura. Procurei na Lista do Craig (atenção, isto foi antes do famigerado assassino da Craig's List ter atacado) e encontrei um rapaz que vende bicicletas em segunda mão. Contrato de trinta e um de boca: compras agora por 80, devolves no fim por 40. E por 40 dólares fiquei com a minha Gina. Não é reluzente, nem nova e para mim até é alta...mas tem sido uma amiga à maneira...Mas porque é que em Lisboa não se pode andar de bicicleta...Diabo das Colinas...!